AS CARACTERÍSTICAS
DOS CAMPEÕES
É hora de mudar
*Roberto Shinyashiki
O
Brasil cansou de ser o país das desculpas, das explicações, das justificativas,
do jeitinho e da esperteza. As pessoas cansaram de ser enganadas e usadas.
Queremos e podemos ter riqueza para todos.
Apesar de todas as nossas riquezas
naturais, é chegada a hora de uma revolução que acabe com o comodismo e crie
fartura. Mas para que a revolução aconteça de verdade, é preciso que esperemos
menos e nos comprometamos mais.
Nosso
ritmo é de urgência. Cansamos de ficar deitados eternamente em berço
esplêndido. Depois de cem anos dormindo como a Bela Adormecida, acordamos
querendo recuperar o tempo perdido. Sabemos que evoluir gradativamente não vai
resolver os nossos problemas. O mundo não vai esperar por nós. Precisamos de
guerreiros amorosos, dispostos a ousar e dar o salto qualitativo, capaz de nos
oferecer um país digno.
Cada
vez mais pessoas se dão conta de que a competência é o único caminho para a
realização. Por outro lado, deixar a administração da própria vida para outra
pessoa é o caminho da escravidão. A dependência é fatal para a realização
individual e coletiva.
Muitos empresários brasileiros ainda insistem em repetir velhas fórmulas
que só funcionavam no passado. Acabam levando a empresa à falência, porque
vendem com prejuízo, não calculam a entrada e saída de centavos, não ficam
atentos ao fluxo de caixa, ou seja, não administram de acordo com a realidade
atual. Vivem esperando o próximo passo do governo e dos concorrentes para
decidir seus caminhos. Preocupam-se demasiadamente com o faturamento e se
esquecem do mais importante para o sucesso de uma empresa: a sua receita
líquida, que indica o lucro depois da retirada dos impostos e outros encargos.
Os empresários precisam aprender a trabalhar com uma margem de lucro reduzida,
que tende a ser a mesma no mundo inteiro. Na Alemanha, por exemplo, alguém que
exija um desconto de 15% sobre uma mercadoria será taxado de louco, justamente
pelo fato das empresas venderem com margens de lucro muito pequenas.
Outro
aspecto que apresenta uma mudança radical diz respeito ao comportamento de
clientes e consumidores. Hoje, o cliente é rei e as empresas necessitam
encontrar uma forma de oferecer o melhor produto pelo menor preço. E como se
não bastasse a concorrência nos moldes tradicionais, as empresas ainda têm de
lidar com a competição virtual, motivada pelo excesso de serviços colocados à
disposição do consumidor. Hoje, por exemplo, o dono de um cinema não perde os
seus clientes para o seu concorrente direto, mas sim para as videolocadoras,
TVs a cabo, TVs normais, até mesmo para a violência nas ruas (medo de sair e
ser assaltado, seqüestrado ou atingido por uma bala perdida).
Todas essas mudanças se constituem em
indícios de que somos a primeira geração da Era do Caos, onde aquilo que era
tido como certo já não vale mais. As três grandes indústrias que controlavam o
comércio de máquinas de escrever passaram décadas brigando entre si pelo
domínio do mercado para, no final, acabarem sendo preteridas pelo advento do
computador.
Não é
fácil garantir o “lugar ao sol” em uma economia cada vez mais globalizada. Nós
precisamos ter a ambição de sermos campeões, porque a memória jamais registra
uma “vice vitória”. Em 94, o Brasil venceu a Itália na final e todos gritaram
“É Campeão!”. Por outro lado, ninguém ouviu a torcida italiana gritar “É
vice-campeão!”. Para chegarmos sempre em primeiro lugar, é necessário desenvolver
uma mentalidade de excelência, como acontece no Japão, onde desde os primeiros
anos escolares o indivíduo aprende a importância de “ser o melhor”.
No
Brasil, 70% dos programas de qualidade total implantados nas empresas são
abandonados no meio do caminho, porque o resultado imediato não surgiu. Esta é
uma visão equivocada, porque qualidade total pressupõe qualidade de vida,
qualidade do ser humano, um verdadeiro processo de quebra de paradigmas e
transformação cultural, algo que demanda tempo e muito trabalho.
A REVOLUÇÃO
DOS CAMPEÕES
O
avanço da tecnologia tem contribuído de forma decisiva para acirramento da
concorrência, face à diminuição dos postos de trabalho. Em contrapartida, há
uma exigência cada vez maior quanto ao nível de capacitação profissional.
Quanto mais habilidades forem desenvolvidas, maior a probabilidade de manter-se
no mercado e assegurar a empregabilidade. Eis as cinco habilidades principais,
apresentadas por empresários e executivos campeões:
1) Velocidade:
É
fundamental ter velocidade, especialmente aquelas pessoas que já passaram dos
30 anos, porque no campeonato do mercado são obrigadas a enfrentar a
concorrência dos jovens, extremamente ágeis e com sede de aprender;
2) Polivalência:
A
exigência de capacitação para o desenvolvimento de várias atividades não
significa o fim da especialização, mas o início da era dos multi-especialistas.
Jô Soares é um exemplo de profissional polivalente: conhecedor de várias
línguas, humorista, entrevistador, pianista, enfim, um artista completo,
preparado para executar diversas atividades de forma satisfatória;
3) Visão:
O
profissional precisa ter visão para enxergar e aproveitar as oportunidades. Não
é necessário ser formado na Sorbonne para desenvolver esta habilidade, basta
estar atento ao mercado, procurando identificar possíveis ameaças de
concorrentes diretos ou indiretos, bem como vislumbrar momentos favoráveis para investir e crescer.
O presidente norte-americano George Washington dizia que o verdadeiro líder é
aquele que consegue ver a árvore dentro da semente. De fato, hoje, o maior
desafio dos campeões é enxergar nas crianças, jovens e novos funcionários os
gerentes e diretores de amanhã;
4) Capacidade de Realização:
Para ser bem-sucedido, o profissional necessita conhecer profundamente o
seu ramo de atividade e saber o que fazer nos momentos de maior dificuldade. Da
mesma forma, o empresário não pode hesitar na hora de adotar as medidas
necessárias para salvar sua empresa, ainda que sejam extremamente antipáticas.
No caso do negócio ainda ser apenas um plano, um desejo ou um sonho, há que se
lançar mão de todas as armas para concretizá-lo, mesmo que a princípio pareça
impossível alcançar a meta estabelecida. Muitas pessoas alegam que não podem
realizar seus desejos porque já estão velhas, mas se esquecem que um dos
empresários mais bem-sucedidos do Brasil, Sr. Roberto Marinho, criou a maior
rede de comunicação do País (Rede Globo)
após os 60 anos;
5) Entender de Gente:
Esta é uma habilidade fundamental, porque clientes, funcionários,
fornecedores, chefes, todos são gente. Todos eles são seres humanos com dois
botões: um para ligar e outro para desligar. Assim, se os seus clientes forem
bem recebidos desde a entrada, eles se encantarão e permanecerão dando
preferência aos seus serviços.
Estas
cinco habilidades são complementares e cada uma delas desempenha um papel-chave
na composição do perfil do profissional-campeão. Alguém que possua apenas três delas pode
estar certo de que será demitido, se for funcionário, ou está para falir, se
for acionista. Já uma pessoa que está
há mais de seis meses disponível no mercado (desempregado) não possui pelo
menos três dessas habilidades.
QUATRO DICAS PARA O SUCESSO
1- O sucesso não é feito durante o expediente.
Ele é
construído a noite, quando você faz um curso, lê, estuda. Vencer na carreira será conseqüência deste
"esforço". Planejar e realizar os projetos, isto é fundamental para
seu sucesso. E depende de estudo,
pesquisa. Hoje fazer pós graduação já não é mais um diferencial, e sim uma
"obrigação" de qualquer profissional que está no mercado. Para ser
muito bom tem que fazer mais. Cada vez
mais o sucesso está ligado ao processo de aprendizado, e da educação. Portanto,
nunca pare.
2- Aceite ser o pior aluno da classe.
Fazer
um curso do qual não entende muito, não é um problema e sim uma solução. Pense,
no final do curso você estará dominando um assunto no qual até então, era um peixe
fora d'água. Um profissional de recursos
humanos, fazendo um curso de planejamento financeiro, com certeza se sentirá
inferiorizado, assim como alguém da área de finanças se sentirá perdido num
curso sobre relações humanas. Não importa, o que conta é que passados seis
meses, um ano, ele agregará muito valor ao seu potencial. Quebre a cabeça nos
trabalhos, não tenha vergonha em perguntar.
É desta forma que se aprende. Melhorar o potencial, é "somar"
cada vez mais capacidades, e isto só adquirido, absorvendo novidades.
3- Aceite ser um tolo.
Quando
você faz uma pós, um curso de especialização, ou seja o que for, mesmo que seus
colegas queiram assinar o trabalho que você fez sozinho, aceite, e faça mais do
que o professor pediu. Surpreenda-o.
Aceite pesquisar sozinho, deixe os espertos assinarem, agregue
conhecimento. Se a sua empresa está
implantando um programa de qualidade total, e as reuniões tem de ser fora do
expediente, seja tolo, fique na reunião, não faça como os espertos, não vá para
casa. Cada vez mais dar algo além do combinado, fará a diferença.
4- Trabalhe com Campeões.
Os
campeões, vão te ensinar a ser campeão.
Os medianos vão te ajudar a "quebrar galhos", "apagar
incêndios". O campeão vai exigir
que você seja sempre melhor, ele vai te motivar. Fazer você buscar sempre mais,
ser o melhor. Um importante consultor
de marketing sempre fala da importância do cavalo, ou seja, não adianta você
ser um bom jóquei se está montando um cavalo pangaré. Não adianta ser só competente. A empresa, o
local de trabalho também que " ter competência", são elas que irão
investir em você, no seu potencial. Seu
talento só será desenvolvido ao trabalhar com os campeões, por isso, não perca
tempo com os "mais ou menos".
*Psiquiatra e Escritor, autor da obra "A Revolta dos Campeões"
(Cortesia: Centro Federal de Tecnológica de Pelotas - RS)